Os alunos dos Ciclos de Alfabetização e Interdisciplinar tiveram a oportunidade de aprender a diferenciar um pernilongo do mosquito Aedes Aegypti; o ciclo de reprodução, as formas de prevenção; principais doenças provocadas e respectivos sintomas e tratamento; estudo de algumas plantas que servem como repelentes, para se tornarem agentes mirins no combate e disseminação do mosquito. Foram exibidos alguns desenhos, documentários e algumas paródias.
Houve o estudo do significado de paródia e em que contextos ela costuma ser produzida.
Foram exibidas algumas paródias a fim de que tais conteúdos acima abordados passassem a ser de fato aprendizagens significativas.
Você está calmamente executando suas tarefas cotidianas. Vivendo a sua vida, simplesmente! De repente, do nada, vem uma sensação de desconforto físico e mal estar. Começa a sentir calafrios, dores pelo corpo, um espirro, um pouco de congestão nas vias respiratórias, sensação de cansaço e vontade de deitar. Sente seu corpo esquentar. Pega o termômetro e constata: febre. Toma um antitérmico, melhora um pouco e dali umas poucas horas...tudo de novo. A febre volta e está alta. O mal estar piora.
Na hora vem a dúvida: o quê será que é? Em tempos de epidemias de vírus, a questão é imediata: será gripe ou umas destas viroses como dengue, zika ou chikungunya? Como saber diferenciar e o que fazer para esclarecer? Quais providências tomar? Quais exames estão indicados? Vamos entender.
Neste outono, mais um vírus passa a circular pelos ares contaminando e matando pessoas: o vírus da gripe A (H1N1), também conhecida como gripe suína. Os números de casos e de óbitos este ano, nesta época, já superou em muito os do ano passado. Tanto que o governo cogita em antecipar a campanha de vacinação.
A diferença maior entre este vírus e os da dengue, zika e chikungunya, no que se refere à transmissão, é que o da gripe circula sozinho pelos ares, passando diretamente da pessoa portadora para a pessoa susceptível pelo próprio ar ou por secreções contaminadas. Os outros vírus em geral “voam” instalados no organismo mosquito vetor e transmissor, oAedes aegypti.
Os sintomas gerais de todas estas viroses são muito semelhantes, principalmente no início: febre, que pode ser alta, dor de cabeça, dores pelo corpo, muito cansaço, sonolência, inapetência, dor nos olhos, sensação de congestão, náuseas, vômitos e dores nas articulações.
No entanto, estas viroses tem, além destes sintomas comuns, particularidades clínicas específicas, muitas vezes difíceis para diferenciar, que assim se caracterizam:
- Gripe A H1N1: os sintomas de congestão são mais expressivos como congestão e coriza nasal, que pode ser clara ou purulenta, espirros, tosse seca ou com catarro e muita dor de garganta. Pode ocorrer também dor de ouvido. A dor de cabeça é muito comum, especialmente quando a movimentamos.
- Dengue: na dengue os sintomas congestivos são menos expressivos. Quase não há coriza nem tosse. Mas há muita dor de cabeça e uma dor característica atrás dos olhos. Predominam a intensa sensação de cansaço e as dores pelo corpo todo. Podem surgir manchas vermelhas leves pelo corpo.
- Dengue hemorrágica: o quadro é bem mais intenso. Predominam a sensação de desconforto e os sinais de sangramento. O nariz, a boca e as gengivas podem sangrar. Podem surgir manchas roxas pelo corpo. Pode ocorrer uma dor abdominal muito forte, contínua, que não melhora com nada. A pele fica fria e pálida.
- Zika: de todas é a que tem sintomas mais leves na fase aguda. Tanto assim que pode passar despercebida, apenas como um quadro de desconforto sutil. Há poucos sintomas de congestão nasal, tosse ou dor de garganta. As machinhas vermelhas espalhadas pelo corpo são bastante características. Estas manchinhas podem coçar, assemelhando-se a uma alergia. Os olhos também podem ficar vermelhos e coçar um pouco.
- Chikungunya: os sintomas congestivos, como a dengue e a zika, são menos predominantes. As dores articulares é que são mais características. Acometem principalmente as articulações dos pés, tornozelos e pulsos. Além da dor, as articulações podem ficar inchadas e vermelhas. Estes sintomas articulares podem durar semanas ou meses.
Os exames diagnósticos gerais podem ser pedidos pelo médico na suspeita de uma destas viroses. Um hemograma é sempre recomendável, pois indica se há ou não anemia. Mostra também o número de leucócitos – nossos glóbulos brancos- indicando-nos a situação de nossa defesa. Importantíssimo observar a contagem das plaquetas, que são responsáveis pela coagulação do sangue; o que é de extrema importância na suspeita de dengue hemorrágica.
Os exames específicos podem também ser pedidos, dependendo da situação clínica de cada paciente. Por isso, na presença destes sintomas, recomenda-se uma avaliação médica bem completa.
A gripe é a única destas viroses para a qual, além do tratamento geral, há terapêutica antiviral específica, indicada em alguns casos. Para as outras viroses o tratamento é de suporte e controle dos sintomas- o que também é essencial para salvar vidas, especialmente quando indicado a tempo.
Saber qual vírus nos acomete é muito importante! Fiquem atentos!
Conheça o comportamento do mosquito Aedes Aegypti e entenda a razão que leva este pequeno inseto a ser taxado desta forma
Você já deve ter ouvido falar que o Aedes aegypti é um mosquito com hábitos oportunistas. Por qual razão? É um mosquito doméstico, que vive dentro ou ao redor de domicílios ou de outros locais frequentados por pessoas, como estabelecimentos comerciais, escolas ou igrejas, por exemplo. Tem hábitos preferencialmente diurnos e alimenta-se de sangue humano, sobretudo ao amanhecer e ao entardecer. Mas ele também pode picar à noite? Sim. Ele não deixa a oportunidade passar.
Por ser um mosquito que vive perto do homem, sua presença é mais comum em áreas urbanas e a infestação é mais intensa em regiões com alta densidade populacional - principalmente, em espaços urbanos com ocupação desordenada, onde as fêmeas têm mais oportunidades para alimentação e dispõem de mais criadouros para desovar. A infestação do mosquito é sempre mais intensa no verão, em função da elevação da temperatura e da intensificação de chuvas – fatores que propiciam a eclosão de ovos do mosquito. Para evitar esta situação, é preciso adotar medidas permanentes para o controle do vetor, durante todo o ano, a partir de ações preventivas de eliminação de focos do vetor. Como o mosquito tem hábitos domésticos, essa ação depende sobretudo do empenho da população.
Principais criadouros Pesquisas realizadas em campo indicam que os grandes reservatórios, como caixas d’água, galões e tonéis (muito utilizados para armazenagem de água para uso doméstico em locais dotados de infraestrutura urbana precária), são os criadouros que mais produzem A. aegypti e, portanto, os mais perigosos. Isso não significa que a população possa descuidar da atenção a pequenos reservatórios, como vasos de plantas, calhas entupidas, garrafas, lixo a céu aberto, bandejas de ar-condicionado, poço de elevador, entre outros. O alerta é para que os cuidados com os reservatórios de maior porte sejam redobrados, pois é neles que o mosquito seguramente encontra melhores condições para se desenvolver de ovo a adulto. Em alguns bairros suburbanos do Estado do Rio de Janeiro, estes grandes criadouros produzem quase 70% do total de mosquitos adultos.
Do ovo à forma adulta, o ciclo de vida do A. aegypti varia de acordo com a temperatura, disponibilidade de alimentos e quantidade de larvas existentes no mesmo criadouro, uma vez que a competição de larvas por alimento (em um mesmo criadouro com pouca água) consiste em um obstáculo ao amadurecimento do inseto para a fase adulta. Em condições ambientais favoráveis, após a eclosão do ovo, o desenvolvimento do mosquito até a forma adulta pode levar um período de 10 dias. Por isso, a eliminação de criadouros deve ser realizada pelo menos uma vez por semana: assim, o ciclo de vida do mosquito será interrompido.
Genilton Vieira/IOC
As larvas do A. aegypti têm tamanho reduzido, aproximadamente o de uma cabeça de agulha de costura
Os maiores índices de infestação pelo A. aegypti são registrados em bairros com alta densidade populacional e baixa cobertura vegetal, onde o mosquito encontra alvos para alimentação mais facilmente. Outro fator importante é a falta de infraestrutura de algumas localidades. Sem fornecimento regular de água, os moradores precisam armazenar o suprimento em grandes recipientes, que na maioria das vezes não recebem os cuidados necessários e, por não serem completamente vedados, acabam tornando-se focos do mosquito.
Alimentação
Machos e fêmeas do Aedes aegypti alimentam-se de substâncias açucaradas, como néctar e seiva. Somente a fêmea pica o homem para sugar sangue (hematofagia), alimento necessário à maturação dos ovos. Geralmente, a hematofagia é mais voraz a partir do segundo ou terceiro dia depois da emergência da pupa e da cópula com o macho.
Reprodução e desova
O acasalamento do Aedes aegypti se dá dentro ou ao redor das habitações, geralmente nos primeiros dias depois que o mosquito chega à fase adulta. É preciso somente uma cópula para a reprodução ser concretizada, pois a fêmea guarda o esperma na espermateca. Após a cópula, as fêmeas precisam realizar a hematofogia (alimentação com sangue) importante para o desenvolvimento completo dos ovos e sua maturação nos ovários Normalmente, as fêmeas do Aedes aegypti encontram-se aptas para a postura de ovos três dias após a ingestão de sangue, passando então a procurar local para desovar.
A desova acontece, preferencialmente, em criadouros com água limpa e parada. Os ovos são depositados nas paredes do criadouro, bem próximo à superfície da água, porém não diretamente sobre o líquido. Daí a importância de lavar, com escova ou palha de aço, as paredes dos recipientes que não podem ser eliminados, onde o ovo pode permanecer grudado.
Ovos
Uma fêmea pode dar origem a 1.500 mosquitos durante a sua vida. Os ovos são distribuídos por diversos criadouros – estratégia que garante a dispersão e preservação da espécie. Se a fêmea estiver infectada pelo vírus da dengue quando realizar a postura de ovos, há a possibilidade de as larvas filhas já nascerem com o vírus, no processo chamado de transmissão vertical.
Inicialmente, os ovos possuem cor branca e, com o passar do tempo, escurecem devido ao contato com o oxigênio. O ovo do A. aegyptimede aproximadamente 0,4 mm de comprimento e é difícil de ser observado.
Genilton Vieira/IOC
Na natureza, os ovos do A. aegypti podem sobreviver até 450 dias fora d’água.
Os ovos adquirem resistência ao ressecamento muito rapidamente, em apenas 15h após a postura. A partir de então, podem resistir a longos períodos de dessecação – até 450 dias, segundo estudos. Esta resistência é uma grande vantagem para o mosquito, pois permite que os ovos sobrevivam por muitos meses em ambientes secos, até que o próximo período chuvoso e quente propicie a eclosão.
Em condições favoráveis de umidade e temperatura, o desenvolvimento do embrião do mosquito é concluído em 48 horas. A resistência à dessecação permite também que os ovos sejam transportados a grandes distâncias, em recipientes secos. Esse aspecto importante do ciclo de vida do mosquito demonstra a necessidade do combate continuado aos criadouros, em todas as estações do ano.
*Todos os conteúdos foram revisados por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz)