quarta-feira, 15 de junho de 2016

Projeto Transição - Docência compartilhada 6° anos


Jogos corporais: Olhar e Espelho


Os estudantes dos 6° anos contam com aulas de docência compartilhada no seu currículo e dentre essas aulas há um projeto desenvolvido pelas professoras Ediná (Português) e Carolina (Sala de Leitura) chamado "Transição: Dando Voz ao aluno". 
O objetivo do projeto é auxiliar os estudantes a fazerem a transição do 5° para o 6° ano, período repleto de mudanças e adaptações e escutar suas principais dificuldades para construir juntos possibilidades de adaptação ao novo contexto.
Dentre as atividades, estamos trabalhando com a capacidade humana de empatia. Iniciamos o trabalho com uma história indígena norte-americana chamada "O silêncio" que apresenta a maneira indígena de encarar o mundo e o outro: sempre com atenção, silêncio e escuta, antes de agir. Maneira bem diferente das pessoas urbanas que primeiro falam para depois ouvir, demostrando pouca empatia.
Após a leitura, os alunos comentaram situações reais de falta de empatia e de empatia e passaram a criar em grupos textos com situações de empatia e falta de empatia.
Para complementar as leituras e discussões, os alunos foram convidados a realizar jogos corporais (do olhar e do espelho) para vivenciarem na prática a empatia e se sensibilizarem a olhar o outro com atenção e cuidado, antes de falar ou fazer julgamentos.
A seguir  o texto lido pelos alunos:

O Silêncio
Nós os índios, conhecemos o silêncio.  Não temos medo dele. 
Na verdade, para nós ele é mais poderoso do que as palavras. 
Nossos ancestrais foram educados nas maneiras do silêncio e eles nos transmitiram esse conhecimento. 
"Observa, escuta, e logo atua", nos diziam. 
Esta é a maneira correta de viver.
Observa os animais para ver como cuidam se seus filhotes. 
Observa os anciões para ver como se comportam. 
Observa o homem branco para ver o que querem. 
Sempre observa primeiro, com o coração e a mente quietos,
e então aprenderás. Quanto tiveres observado o suficiente, então poderás atuar.
Com vocês, brancos, é o contrário. Vocês aprendem falando. 
Dão prêmios às crianças que falam mais na escola. 
Em suas festas, todos tratam de falar.
No trabalho estão sempre tendo reuniões
nas quais todos interrompem a todos,
e todos falam cinco, dez, cem vezes. 
E chamam isso de "resolver um problema". 
Quando estão numa habitação e há silêncio, ficam nervosos. 
Precisam  preencher o espaço com sons. 
Então, falam compulsivamente, mesmo antes de saber o que vão dizer.
Vocês gostam de discutir.  
Nem sequer permitem que o outro termine uma frase. 
Sempre interrompem.
 Para nós isso é muito desrespeitoso e muito estúpido, inclusive. 
Se começas a falar, eu não vou te interromper. 
Te escutarei. 
Talvez deixe de escutá-lo se não gostar do que estás dizendo. 
Mas não vou interromper-te.
 Quando terminares, tomarei minha decisão sobre o que disseste,
mas não te direi se não estou de acordo, a menos que seja importante.
 Do contrário, simplesmente ficarei calado e me afastarei. 
Terás dito o que preciso saber. 
Não há mais nada a dizer. 
Mas isso não é suficiente para a maioria de vocês.
Deveríamos pensar nas suas palavras como se fossem sementes. 
Deveriam plantá-las, e permiti-las crescer em silêncio. 
Nossos ancestrais nos ensinaram que a terra está sempre nos falando,
e que devemos ficar em silêncio para escutá-la.
Existem muitas vozes além das nossas. 
Muitas vozes.
Só vamos escutá-las em silêncio.

Colaboração: Carolina Cortinove (POSL)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.